domingo, 24 de agosto de 2008

FIM DAS OLIMPÍADAS


Pequim encerra seus Jogos Olímpicos em festa com clima de dever cumprido

Sem o tom nacionalista da abertura, cerimônia apostou em espírito universal, já apontando para os Jogos da cosmopolita Londres
E novamente o estádio Ninho do Pássaro se encheu com cerca de 91 mil pessoas. Desta vez, para encerrar a 29ª edição dos Jogos Olímpicos, apontados por jornalistas do "The New York Times" como os mais bem organizados de todos os tempos (opinião da qual Fabiana Murer, decerto, discorda).



O começo teve elementos semelhantes aos vistos na abertura: contagem regressiva feita com fogos de artifício (ou efeitos de luz, provavelmente), a multidão cantando o hino chinês junto com o presidente Hu Jintao, a tradicional percussão fou sendo tocada por crianças, mulheres e homens. Desta vez, porém, o baticum foi amplificado por dois tambores gigantes...
Depois, mais uma especialidade chinesa: a onda humana no centro do gramado, formigueiro de figurantes milimetricamente coreografado formando um circuito para rodas de luz. E a China, que durante o maoísmo foi o país das bicicletas, revisitou seu passado recente numa bela imagem em azul e vermelho.


O presidente do Comitê Organizador de Pequim 2008, Liu Qi, comemorou os 38 recordes mundiais quebrados e mencionou o legado deixado, tanto esportivo quanto cultural, lembrando os slogans bem ao gosto marketeiro do regime chinês: Olimpíadas verdes, Olimpíadas high-tech e Olimpíadas do Povo.


- Durante os jogos, o mundo esteve unido como uma família olímpica. Foi uma grande celebração do esporte, uma grande celebração da paz e uma grande celebração da amizade - discursou Qi.



No desfile de atletas, a mistura de nações e continentes já marcou a transição de Pequim, da milenar civilização tradicionalmente fechada, à cosmopolita Londres, palcos dos Jogos Olímpicos de 2012. Chineses, bielorussos, espanhóis, jamaicanos, americanos e quenianos, gente de 204 países festejou junta com alegria contagiante - que pode ser creditada tanto ao fim dos Jogos como pela proximidade da volta para casa e o reencontro com suas famílias..



Maurren Maggi, a porta-bandeira brasileira, foi a 39ª atleta a aparecer, mas não foi muito destacada pelas câmeras da transmissão internacional. O levantador Marcelinho, emocionado, apareceu beijando sua medalha de prata, já recuperado das lágrimas vertidas após a derrota na final para os EUA.



Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, entregou as medalhas para os maratonistas, honra que a prova olímpica mais nobre reserva aos seus heróis: ouro para Samuel Wansiru, do Quênia; prata para Jaouad Gharib, do Marrocos; e bronze para Tsegay Kebede, da Etiópia. E o hino do Quênia ecoou no Ninho de Pássaro.



Depois da homenagem aos voluntários que trabalharam na organização, um outro hino foi executado: o grego, por tradição olímpica. Como a Grécia não ganhou nenhuma medalha de ouro em Pequim, foi a primeira vez que a melodia foi ouvida nesta edição dos Jogos. Ainda seria escutado na festa outro hino, o britânico: "God Save The Queen", logo após a extinção da chama olímpica.



Um espetacular ônibus de dois andares, tipicamente londrino, fez a transição para a próxima aventura na epopéia olímpica moderna. Ele foi se transformando numa representação da Torre de Londres, de onde, espetada em um micropalco feito destaque de escola de samba, despontou a cantora Leona Lewis (vencedora da versão inglesa do reality show de calouros “American Idol”). Acompanhada pelo legendário guitarrista do Jimmy Page, do Led Zeppelin, ela interpretou uma versão surpreendentemente boa de
“Wholelotta Love”, clássico da banda inglesa. Page fez todas as caretas costumeiras ao solar, em playback, e empolgou o estádio. David Beckham, entrando mudo e saindo calado, também causou comoção. Bastou chutar uma bola e dar simbolicamente o pontapé inicial dos Jogos de Londres.



Ainda haveria um número musical pop estrelado por cantores chineses e coreanos, com o refrão "Beijing, Beijing, I love you", e um duo entre o tenor espanhol Plácido Domingo e a soprano chinesa Song Zuying.



Perto do fim, foi erigida no centro do palco uma belíssima Torre da Memória. Alguns cariocas enxergaram semelhanças entre a estrutura e o carro do DNA usado pelo carnavalesco Paulo Barros, da Unidos da Tijuca, em 2004. Se não foi tão "inesquecível" quanto a abertura, o fim dos Jogos de Pequim teve a vantagem da duração bem mais curta ("apenas" duas horas) e o mérito de apontar para outras belezas. Entre elas, a beleza da diversidade.

sábado, 23 de agosto de 2008

Pelé encontra Li Hao, o menino de 9 anos que virou herói na China



Criança ajudou a salvar colegas durante terremoto em Sichuan
Pelé encontrou neste sábado, em Pequim, o menino Li Hao: com apenas 9 anos, a criança virou herói na China ao ajudar a salvar colegas de escola durante o terremoto em Sichuan há dois meses(foto 2)
Li Hao exibe com orgulhoso a camisa do Brasil autografada por Pelé. O menino participou da cerimônia de abertura das Olimpíadas ao lado de Yao Ming, estrela do basquete, na frente da delegação chinesa(foto 1)

No taekwondo, cubano agride juiz e é afastado das competições internacionais


Angel Valodia Matos não aceita desclassificação, briga ao fim da disputa da medalha de bronze contra casaque e é punido junto com seu técnico
Com o protetor de cabeça na mão, o cubano Angel Valodia Matos girou o corpo, apoiou a perna direita no chão e, num belo golpe, lançou o pé esquerdo na cabeça do... juiz. Resultado: ele e seu técnico foram excluídos defintivamente de todas as competições internacionais. A punição foi anunciada com rapidez pela Federação Mundial de Taekwondo (WTF), neste sábado.

A cena inesperada no fim da luta ilustra o desespero de Matos ao fim da disputa do bronze contra Arman Chilmanov, do Cazaquistão, na categoria acima de 80kg do taekwondo. Após ser desclassificado quando vencia o combate por 3 a 2, o cubano não aceitou a decisão e começou a gritar ofensas ao árbitro central, Chakil Chelbat, da Suécia. Descontrolado, desferiu o chute na cabeça e, não satisfeito, ainda deu um soco no peito de um dos juízes laterais, que tentava contê-lo.

A confusão começou quando Matos sentiu uma lesão no pé. Faltavam sete segundos para o fim da luta, e ele estava à frente do placar. Pelas regras do taekwondo, o atleta tem um minuto para ser atendido antes de ser desclassificado. Mas o árbitro central deveria dar um sinal avisando que o tempo estava se esgotando. Sem o aviso, o sinal de um minuto soou e o cubano foi automaticamente desclassificado. Perdeu a medalha de bronze e se descontrolou.



Ao fim do tumulto, Arman Chilmanov foi decretado o vencedor da luta e ficou com o bronze, com a outra medalha de bronze indo para o nigeriano Chika Yagazie Chukwumerije. O ouro da categoria foi para o coreano Dongmin Cha, que derrotou na final o grego Alexandros Nikolaidis. Ouro em Sydney-2000 e campeão dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Matos encerrou melancolicamente sua história olímpica.

Natália Falavigna conquista medalha inédita para o taekwondo brasileiro


Após quarto lugar em Atenas, paranaense melhora uma posição em Pequim

Uma vitória da emoção, da técnica e da vontade de ganhar. Após bater na trave nos Jogos de Atenas, Natália Falavigna conquistou neste sábado a primeira medalha olímpica para o taekwondo brasileiro. Na disputa pelo bronze, Natália derrotou a sueca Karolina Kedzierska por 5 a 2, na categoria acima de 67kg. A outra medalha de bronze foi para a britânica Sarah Stevenson, que passou pela egípcia Noha Abd Rabo por 5 a 1. Algoz de Natália na decisão dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, a mexicana Maria del Rosario Espinoza ficou com o ouro, ao derrotar a norueguesa Nina Solheim por 3 a 1.
Coincidentemente, o ginásio de Ciência e Tecnologia foi o mesmo que recebeu o judô e que teve Ketleyn Quadros ganhando a primeira medalha de uma brasileira em esportes individuais na história dos Jogos. Muito emocionada, Natália começou a chorar logo após o fim de luta e olhava para o céu, agradecendo a medalha sonhada. Em seguida, a paranaense foi até seu técnico para abraçá-lo e depois voltar ao tatame, desta vez com uma bandeira do Brasil. Extravasando a tensão, Natália batia no peito, dizendo: "é meu". Do lado de fora, o treinador Fernando Madureira ajoelhava, agradecendo a conquista que ficou muito próxima em Atenas, quando Natália terminou

No ataque para pegar a medalha

E a medalha de bronze começou a ir para o pescoço de Natália Falavigna logo no início da luta. Ao contrário da semifinal, quando pouco atacou, a lutadora de 24 anos voltou ao tatame com uma postura muito mais ofensiva. E como nas primeiras lutas, a brasileira saiu na frente, abrindo 2 a 0 no início do primeiro round. Movimentado-se com desenvoltura e chutando bem, Natália manteve a vantagem até o intervalo.

Enquanto falava com o técnico Fernando Madureira, Natália mostrava o olhar determinado de quem não deixaria se repetir o drama de Atenas. E a determinação do olhar se transformava em vontade no tatame, com a brasileira partindo para cima logo na volta do segundo round. Controlando as ações, Natália não deixava sua adversária lutar e ia para cima, conseguindo mais uma boa parcial, fazendo 2 a 1 e somando 4 a 1 no placar geral.

Com uma boa vantagem, a brasileira tratou de controlar o ritmo do confronto e mudou a estratégia, usando o contra-ataque como maior arma. A boa movimentação de Natália dificultava as ações da sueca e, do lado de fora do tatame, o técnico Fernando Madureira pedia calma para a brasileira. Natália precisava fazer passarem os dois minutos de round e foi o que fez, conseguindo ainda mais um ponto, contra outro de Karolina, para sair vibrando, e chorando, com mais uma conquista inédita para o esporte brasileiro.

Meninas do vôlei conquistam o ouro inédito


Seleção brasileira mantém a cabeça no lugar, vence as americanas e chega ao topo do mundo com uma vitória redentora nos Jogos de Pequim

A cena é recorrente.

Vitórias importantes no vôlei costumam espalhar jogadoras em volta das câmeras de TV. Encher o pulmão e deixar explodir a alegria de um ouro olímpico, contudo, não é tarefa para qualquer seleção. Neste sábado, as meninas do Brasil aprenderam o que isso significa.

Pelo chão da quadra em Pequim, as jogadoras se misturavam em choro, sorrisos, gritos e desabafos. José Roberto Guimarães, único técnico a conquistar o ouro no masculino e no feminino, ajoelhou-se e agradeceu. Os abraços exorcizavam mais de uma década de angústia.

Com a vitória por 3 a 1 sobre os Estados Unidos (25/15, 18/25, 25/13 e 25/21), o ouro, enfim, pertence à seleção brasileira. Pouco importa que o time perdeu um set pela primeira vez nos Jogos, porque agora existe algo muito maior a celebrar.


A festa tomou formas diversas. Antes de ser lançada para o alto pelas companheiras, a levantadora Fofão se derramou em lágrimas no ombro do técnico. Fabi e Mari, com o grito contido na garganta, pediram silêncio aos críticos. Enroladas em bandeiras verde-amarelas, as campeãs olímpicas vibravam, às vezes sem rumo, até encontrarem alguém para abraçar.

O início tenso

O último passo no caminho, claro, não foi fácil. Para uma seleção que nunca tinha chegado tão perto do ouro olímpico, o início da partida colocou no rosto das brasileiras uma expressão de ansiedade. Nervoso, o time permitiu que as americanas largassem na frente. Com a experiência de quem sentiu o gosto do ouro em Barcelona-1992, no masculino, Zé Roberto pedia calma. Aos poucos, o saque de Paula Pequeno e os ataques de Mari desmontaram o sistema tático do outro lado da rede. Uma das melhores em quadra, Sheilla gritava:

- Vamos, vamos!

As outras cinco obedeceram. Sem perder o ritmo, a equipe manteve a vantagem acima dos cinco pontos, mas ainda havia um fundamento sumido: o bloqueio. A muralha que tinha parado a Itália, enfim, apareceu neste sábado com Fabiana e Walewska. Azar de Logan Tom, que vinha virando todas as bolas. Comandadas por uma vibrante Fofão, as meninas chegaram ao set point. No saque, Paula fechou em 25 a 15.

O primeiro - e único - tombo


Na segunda parcial, as americanas escolheram Mari como vítima. Sacar nela era a tática para tirá-la do ataque. Logo ela, a aniversariante do dia. O pior é que deu certo. As bombas dos EUA destruíram o passe brasileiro, e nem o tempo pedido por Zé Roberto conseguiu consertar o estrago. A solução foi sacrificar Mari e colocar Jaqueline para equilibrar a recepção, mas já era tarde. Após atravessar 22 sets em Pequim sem tomar conhecimento das adversárias, o Brasil levou o primeiro tombo: 25 a 18.

Para um grupo que se acostumou a sofrer com decepções em momentos decisivos, o momento era tenso. A torcida no Ginásio da Capital apoiava o Brasil, mas àquela altura era difícil prever como o time ia reagir ao primeiro tropeço de uma campanha até então perfeita.

Recuperação rápida


Veio o terceiro set, e a seleção percebeu que, apesar da parcial perdida, a medalha ainda estava em jogo. Zé Roberto não parava de orientar as atletas um minuto sequer. E a resposta veio em grande estilo. Sheilla continuava impecável no ataque de fundo e nas largadas. Mari, agora com 25 anos, mostrou maturidade. Passou longe da jogadora de quatro anos atrás, jovem e insegura. Como ela mesma costuma dizer, o passado já foi embora.

A empolgação do Brasil era tamanha no terceiro set que Paula chegou a ser repreendida pelo juiz durante uma comemoração. Com Valeskinha em quadra, a seleção espantou o trauma: 25 a 13.

Antes do quarto set, as brasileiras se reuniram no canto da quadra. Era a hora do esforço final pelo ouro. De cara feia, como se fosse possível, Paula Pequeno decretou:

- É agora!



E foi.



Enfim, a redenção



Fofão vivia o jogo da vida, já que vai se despedir da seleção após os Jogos. Ainda assim, a levantadora manteve a calma e passou tranqüilidade às companheiras. O semblante sereno contrastava com a cara de raiva de Paula Pequeno. O set foi difícil, ao contrário dos anteriores. As americanas ficaram boa parte do tempo à frente, mas o Brasil chutou para fora da quadra o tal bloqueio psicológico. Amarelo, só o do ouro. Que veio justamente no ataque para fora da melhor jogadora americana, Logan Tom.



O 25 a 21 fez com que as atletas partissem enlouquecidas para a comemoração, deixando explodir uma festa que estava contida há mais de uma década. Agora, sim, dá para mirar a câmera, encher o peito e gritar: o vôlei feminino do Brasil é campeão olímpico.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Márcio e Fábio sentem nervosismo diante de americanos e deixam ouro escapar


Dupla joga bem, mas é derrotada por Rogers e Dalhausser no tie-break

As areias de Pequim realmente não trouxeram muita sorte para o Brasil. Em uma final emocionante e equilibrada contra Rogers e Dalhausser, Márcio e Fábio Luiz estiveram perto de superar os adversários, mas a frieza dos americanos acabou fazendo a diferença no final. Depois de vencer o segundo set e empatar a partida, os brasileiros sofreram com os bloqueios de Dalhausser, sentiram a pressão e acabaram ficando com a prata. Festa dos EUA, com parciais de 23/21, 17/21 e 15/4, em 1h06m de jogo.


No entanto, a medalha de prata é motivo de comemoração para os brasileiros, que chegaram a Pequim desacreditados e derrotaram os favoritos, Ricardo e Emanuel, nas semifinais. Os campeões olímpicos de 2004 ficaram com a medalha de bronze ao derrotarem Geor e Gia (os brasileiros naturalizados Renatão e Jorge, que defendem a Geórgia), e garantiram dois lugares para o Brasil no pódio olímpico.
Brasucas começam bem, mas entregam vitória no primeiro set

Os brasileiros começaram a mil por hora. Márcio forçou o saque e Fábio Luiz se impôs na rede, assustando os americanos. Após um primeiro ponto disputado, a dupla verde-amarela surpreendeu os rivais e abriu 9 a 3. No entanto, após ser bloqueado várias vezes, o grandalhão Dalhausser, de 2,06m, encontrou formas de vencer o duelo com Fábio, conhecido como a “Muralha”, e a parceria dos EUA marcou quatro pontos seguidos, empatando em 10 a 10.
A partir daí, equilíbrio total em quadra. Muito incisivo no ataque, Fábio Luiz soltava o braço e empurrava o Brasil. Porém, acabou desperdiçando boas oportunidades de voltar a abrir distância no marcador ao tocar duas vezes na rede. No momento decisivo, a frieza dos americanos fez a diferença. Rogers mandou uma bomba e os adversários passaram à frente pela primeira vez: 18 a 17. Os brasileiros correram atrás do resultado, mas o estreante em Olimpíadas Fábio Luiz entregou a vitória de bandeja ao mandar uma bola na rede e Rogers e Dalhausser fecharam em 23 a 21.


Márcio comanda reação brasileira


A dupla brasuca não se abateu e voltou a sair na frente na segunda parcial. Era hora da reação. Mas quem conseguiu se impor foram os americanos, que empataram a partida em 5 a 5. Sacando em cima de Fábio, Rogers e Dalhausser conseguiram desarmar o brasileiro na rede para passar à frente em 11 a 9.

Márcio e Fábio pediram tempo e a situação ficou dramática. A dupla dos EUA se sentia cada vez mais à vontade na partida, virando todas as bolas. Foi a vez de Márcio fazer a diferença. O cearense foi para saque e o Brasil, que perdia por 10 a 13, voltou a ficar na frente (14 a 13). Fábio Luiz ganhou confiança, e finalmente a “Muralha” acordou, bloqueando Rogers para fazer 17 a 15. Com um saque na rede de Dalhausser, a dupla venceu 21 a 17. Os brasileiros seguiam vivos na briga pelo ouro.

Dupla sente nervosismo e Dalhausser fecha a rede


No tie-break a sorte deu uma “forcinha” aos americanos, que abriram 2 a 0 com duas bolas na fita. Após grande defesa de Márcio, os brasileiros atacaram na rede e vantagem aumentou para 4 a 1. O cearense se desconcentrou e foi punido por condução (5 a 1). A dupla dos EUA forçou o saque e o nervosismo bateu do lado verde-amarelo: 6 a 1 para os adversários. Dalhaousser fechou a rede, e Fábio Luiz não conseguia tirar os americanos do saque. Foram cinco bolas que pararam no "paredão". Os brasileiros finalmente conseguiram marcar novamente em 9 a 2, mas a desvantagem já era grande demais. Com mais um bloqueio de Dalhaousser, a dupla fez 15 a 4 e acabou com o sonho dourado dos brasileiros.

Seleção de Dunga bate Bélgica e se despede da China com o bronze


Com 3 a 0, Brasil chega à quarta medalha do futebol masculino em Jogos

A seleção brasileira juntou os cacos após a goleada sofrida para a Argentina e se despediu das Olimpíadas de 2008 com a medalha de bronze no futebol masculino. Nesta sexta-feira, o time de Dunga venceu a Bélgica por 3 a 0, em Xangai, e terminou o torneio em terceiro lugar.


Os gols de Diego e Jô (dois) garantiram a quarta medalha do Brasil no futebol masculino. Em 1984 e 1988, a equipe pentacampeã mundial ficou com a prata. Em 1996, o time também foi bronze. O futebol tem outras duas premiações em Jogos, mas com as mulheres: prata em 2004 e 2008.


A final das Olimpíadas entre Argentina e Nigéria será no sábado, à 1h (de Brasília), no estádio Ninho do Pássaro. Na semifinal, os hermanos venceram os brasileiros por 3 a 0 e acabaram com o sonho do Brasil em conquistar seu primeiro ouro olímpico no futebol. Os argentinos, campeões em 2004, tentam o bi.


A cerimônia de entrega das medalhas será após a decisão. Ao contrário de 1996, quando se recusou a subir no pódio, a CBF reserva espaço na programação para a presença da seleção no estádio para receber o bronze. A equipe deve chegar ao Brasil no domingo.

Muito criticado pela derrota para o maior rival na China, o técnico Dunga terá dois testes decisivos para sua permanência na seleção em setembro, pelas eliminatórias. No dia 7, a seleção principal enfrenta o Chile, fora de casa. Três dias depois, o treinador terá seu primeiro encontro com a torcida brasileira após a perda do ouro olímpico: no Rio, o Brasil recebe a Bolívia no estádio Olímpico João Havelange (Engenhão).
A situação da equipe nas eliminatórias não é confortável. Com apenas nove pontos em seis partidas, a seleção está na quinta colocação, atrás de Paraguai (13), Argentina (11), Colômbia e Chile (10).

Os quatro primeiros se classificam diretamente para a Copa do Mundo na África do Sul em 2010. O quinto lugar terá que disputar uma repescagem contra o quarto colocado nas eliminatórias da Concacaf.


Em Xangai, Dunga escalou Jô no ataque ao lado de Ronaldinho, deixando Rafael Sobis e Alexandre Pato no banco. Os dois primeiros gols do Brasil saíram em jogadas pela direita do ataque, no primeiro tempo. Primeiro, aos 27, Jô deixou com Rafinha, que cruzou para Diego pegar de primeira, entre dois zagueiros, e acertar o canto do goleiro Bailly: 1 a 0. Aos 45, foi a vez de Ronaldinho achar Ramires entre a defesa. O cruzeirense bateu cruzado, e o goleiro pegou. No rebote, Jô, de cabeça, fez 2 a 0 para o Brasil.


Na etapa final, o Brasil pouco atacou, segurou o resultado e conseguiu o terceiro aos 47, em uma arrancada de Jô do meio-campo.

Maurren Maggi voa e garante a segunda medalha de ouro do Brasil por 1cm


Com vitória no salto em distância, brasileira se torna a primeira mulher do país a subir ao lugar mais alto do pódio em esportes individuais
Maurren Maggi até resistiu. Os primeiros versos, ela cantarolou com o sorriso abertíssimo. Passou pelas "margens plácidas", pelo "brado retumbante", pelo “desafia a própria morte” mas, na “terra adorada”, desmanchou. Pôs a mão no rosto. As lágrimas desceram, invencíveis, centímetro por centímetro. Como se descesse junto a imensa ficha... o título olímpico, a vitória eterna, a medalha de ouro. Um centímetro tinha mudado sua vida.

Aqueles trinta segundos de hino nacional condensado ecoavam Brasil afora. Maurren Maggi, suspensa por doping; Maurren Maggi, dois anos distante do esporte; Maurren Maggi, sete metros e quatro centímetros no primeiro salto. Foi uma volta por cima, ou um vôo por cima. Que desagradou a uma brasileira:

- Mamãe, eu queria a de prata - disse a pequena Sophia, de três anos, do outro lado do planeta, para deleite de um país.

Sophia, filha de Maurren, tinha dito antes da viagem que não queria medalha nenhuma. Estava chateada com a viagem da mãe. Maurren prometeu uma medalha. E foi buscá-la. E foi cedo. Chegou sem maquiagem, com um simples coque. A principal adversária, a russa Tatiana Lebedeva, exibia um penteado entre exótico e ousado. Outras tinham piercings no umbigo. Lebedeva pulou primeiro, voando para 6,97m. Maurren precisava responder.

E lá foi ela. Respirou. Deu um adeus breve para as câmeras. Bateu nas coxas, gritou, deu um soco no ar. Fez o sinal da cruz. Falou para si mesma:


- Vamos lá, vai.


E correu. Foram 22 largos passos até o salto. De pernas estendidas, Maurren levantou vôo no Ninho do Pássaro. E pousou longe: 7,04m.




Um imenso centímetro de ouro



Depois do pouso, esperou. Faltavam cinco saltos para cada adversária. Oito mulheres em busca da distância. Lebedeva tentou. Queimou. E queimou. Quatro saltadoras foram eliminadas - a brasileira Keila Costa entre elas. Apenas oito teriam direito a mais três saltos. A nigeriana Blessing Okagbare chegou a 6,91m, a melhor marca de sua carreira, e ficou com o bronze. Maurren queimou todos os saltos até que, no quinto, foi econômica: 6,76m. A prata estava garantida - mas ainda havia Lebedeva. A russa tinha uma última chance.

Lebedeva, campeã olímpica em Atenas, correu. E saltou. E voou. Aterrissou perto da marca dos sete metros, criando suspense. E veio o resultado: 7,03m - um imenso centímetro a menos que Maurren. Um imenso centímetro de ouro. Maurren abriu os braços e o sorriso. Correu para abraçar seu técnico Nélio Machado, cercado de atletas brasileiros.

O primeiro ouro de uma mulher em esporte individual. A primeira medalha de ouro brasileira no atletismo desde 1984 (Joaquim Cruz nos 800m). Cinco anos após viver o drama da suspensão por doping e chegar a abandonar a carreira... Maureen Maggi chegou ao Olimpo.

- Quando saltei... queria que a prova acabasse ali. Não caiu a ficha ainda... quero ouvir o hino nacional.

Lembrou da filha:

- É pela Sophia que eu estou aqui. Tenho certeza de que Deus fez um caminho diferente, mas para dar tudo certo. E a minha preciosidade está em casa para me acompanhar nisso - disse Maurren, em entrevista à TV Globo.

Sophia, a pequena que queria prata, conversou com a mãe pelo link da TV no estádio:

- Oi, filha. Eu te amo muito. Mamãe está com saudade - disse emocionada e, logo depois, ouviu Sophia responder que também a ama "bastante".

O pai, William, gemeu emocionado:

- Filha, que salto...

- Você viu, pai, que lindo...

Momentos antes da entrevista, Maurren tinha colhido uma bandeira do Brasil. E uma bandeirinha chinesa. Abriu o pendão brasileiro sobre a cabeça - guardou a chinesa na mão direita - e partiu para sua volta olímpica. Para sua volta olímpica por cima. Maurren Higa Maggi, medalha de ouro. Medalha de ouro para Sofia. Medalha de ouro para o Brasil

Keila fica na décima-primeira posição



Keila Costa, que tentava beliscar um lugar no pódio, acabou parando na metade da prova, quando há o corte das quatro piores marcas. Como queimou as duas primeiras tentativas, a brasileira só teve um salto computado: 6,43m. Ela terminou a competição em 11º lugar entre as 12 classificadas para a final.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

chinês faz feio em casa


Diante da própria torcida, Cao Zhongrong cai do cavalo no pentatlo
No pentatlo moderno, o chinês Cao Zhongrong fez feio diante de sua torcida. Na prova de hipismo, ele foi traído pelo cavalo ChuChu.

GLOBO ESPORTE:Como em Atenas, Brasil prepara arrancada final por medalhas

Por causa dos esportes coletivos, brasileiros sobem ao pódio com mais freqüência nos últimos dias de competição olímpica

Se o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos fosse uma maratona e a delegação brasileira estivesse representada por um atleta, o país passaria boa parte da disputa no pelotão intermediário, entre a 30ª e a 40ª posições. Nos quilômetros finais, porém, o Brasil daria uma arrancada final que o elevaria até os 20 primeiros colocados.

A analogia serve para mostrar que o momento de melhor desempenho do Brasil se concentra nos dias finais das Olimpíadas. Foi assim em Atenas-2004 e se encaminha para ser da mesma maneira em Pequim. Por isso, apesar de restarem apenas três dias para o fim dos Jogos, ainda é cedo para dizer que a participação verde-amarela na China foi um fiasco.

A explicação é simples: as maiores chances de medalha do país estão nos esportes coletivos, cujas finais são concentradas nos últimos dias de disputa. Enquanto as primeiras medalhas eram conquistadas no judô, vela e natação, as equipes de futebol, vôlei e vôlei de praia avançavam rumo à disputa por lugares no pódio.
Neste último dia de competições, perdemos a primeira oportunidade de subir ao pódio com Renata e Talita na decisão pelo bronze do vôlei de praia. No futebol feminino, a doída derrota para os Estados Unidos nos tirou um ouro. Chegamos ao 14º dia com oito medalhas – um ouro, duas pratas e cinco bronzes. Mais sete insígnias de cores distintas poderão vir, quase que dobrando o desempenho brasileiro.

Duas estão garantidas. Márcio e Fábio Luiz, no vôlei de praia, e as meninas de Zé Roberto Guimarães estão na decisão pelo ouro. Se superarem a Itália na semifinal, o time de Bernardinho se junta à turma. Ricardo e Emanuel e o malfadado time de Dunga lutam pelo consolo do bronze. Não se pode esquecer do atletismo, com Maurren Maggi favoritíssima ao pódio na final do salto em distância, do taekwondo, com a campeã mundial Natália Falavigna.



Se voltarmos a falar de maratona, porque não incluir Marílson Gomes dos Santos como candidato ao pódio na prova que encerra a programação do atletismo? Tirando alguma agradável surpresa, o Brasil deverá ficar por aí. Chegaríamos a 16 medalhas, superando as 15 da campanha nos Jogos de Atlanta-1996 (três ouros, três pratas e nove bronzes) e, quem sabe, os cinco ouros de Atenas.

Em regata emocionante e polêmica, dupla Scheidt/Prada confirma reação com prata


Mas medalha só saiu oficialmente depois que juízes analisaram protesto dos suecos. Essa é a quarta vez que Robert vai a um pódio olímpico
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DA TV GLOBO

Desconfiança, superação, polêmica, apreensão e, enfim, consagração. Todos esses ingredientes agitaram as águas de Qingdao e marcaram a trajetória da dupla Robert Scheidt e Bruno Prada até a confirmação do segundo lugar geral na classe Star. Esse roteiro dramático em que os brasileiros foram os protagonistas, certamente dá à medalha de prata conquistada nos Jogos de Pequim um gosto de epopéia olímpica.

Não só pela emoção na regata da medalha, decidida mais de dez minutos depois de os barcos cruzarem a linha de chegada, mas principalmente pelo retrospecto do conjunto brasileiro ao longo das 11 provas. Ao final da sétima etapa, a dupla estava apenas em oitavo na classificação geral. Mas uma incrível ascensão nas três seguintes abriu mais uma vez o caminho para a vela do Brasil brilhar.

- Foi a medalha da superação – resumiu Scheidt ao final da saga que lhe colocou pela quarta vez consecutiva em um pódio dos Jogos e fez dele o segundo maior atleta olímpico do Brasil. Dono de quatro medalhas (dois ouros e duas pratas), ele divide o posto com Gustavo Borges, da natação, atrás apenas de Torben Grael, também da vela, que tem cinco: dois ouros, uma prata e dois bronzes.

A atuação de Robert Scheidt e Bruno Prada na decisão da classe Star foi praticamente perfeita. Enquanto Percy/Simpson, do Reino Unido, e Loof/Ekstrom, da Suécia, se marcavam na briga por ouro e prata, o time brasileiro passou as duas primeiras marcas na liderança da prova. Mais adiante, eles terminariam em terceiro, mas depois do dever cumprido o que interessava mesmo era a posição dos rivais.

Foi então que começou a polêmica. Já com a medalha de bronze assegurada para o Brasil e o ouro definido para a dupla do Reino Unido, o barco da Suécia cruzou a linha de chegada quase ao mesmo tempo que as embarcações da Itália, de Negri e Viale, e da França, de Rohart e Rambeau. De cara, a organização da prova colocou os suecos como últimos colocados.


Esse resultado dos europeus somado à terceira colocação de Scheidt/Prada na prova final dava aos brasileiros a medalha de prata. Mas os suecos, então donos do bronze, contestaram o resultado com os juízes. Logo depois, a organização da prova atualizou a classificação e os colocou em nono. Assim, o Brasil é que seria bronze.
- Qualquer uma das duas está ótimo – disse Scheidt à TV Globo, ainda sem saber o resultado oficial da regata. Cláudio Biekark, chefe da delegação do iatismo, também estava sem saber o que acontecia:

- A gente está acompanhando do quebra-mar e não sabemos o que aconteceu na final. Mas a impressão que tivemos é que pela posição de chegada eles são medalha de prata. Ainda não sabemos, porque se teve alguma penalidade ou protesto eles serão julgados na água.

Enquanto Biekark dizia isso ao SporTV, a organização das provas de vela nas Olimpíadas de Pequim confirmava, desta vez oficialmente, que os suecos tinham chegado na décima colocação, ou seja, último. Dessa maneira, a medalha de prata voltava para o peito dos brasileiros Roberto Scheidt e Bruno Prada.

- Essa conquista foi emocionante, porque começamos mal e tivemos que nos recuperar e nos superar durante a disputa. Estou emocionado, porque nós dois queríamos representar bem o Brasil, e conseguimos. Acho que essa medalha tem um valor muito especial por tudo isso. Velejamos mal, tivemos um pouco de falta de sorte, mas não deixamos o ânimo cair – comemorou Scheidt.



A vibração do timoneiro com a prata de Pequim tem uma clima totalmente diferente de quando ele conseguiu a mesma colocação em Sidney-2000. Acontece que daquela vez, em vez de ganhar a prata, ele perdeu o ouro.
Essa presença da dupla verde-amarela no pódio torna novamente a vela brasileira o esporte que mais alegrias deu ao país na história dos Jogos: são 16 conquistas desde 1968, na Cidade do México. De lá para cá, aliás, o Brasil passou em branco em apenas duas edições (Munique-1972 e Barcelona-1992).

Zé Roberto: 'Era uma situação engasgada'


Técnico diz que era ironizado por causa da derrota para a Rússia em 2004

Sem pulos ou gritos emocionados, José Roberto Guimarães comemorou com certa discrição a vitória que levou o Brasil à final olímpica do vôlei contra os Estados Unidos. Quatro anos depois de ter comandado o grupo que parou na semifinal contra a Rússia após estar muito perto da vitória, ele desabafou e mostrou alívio.

- Era uma situação muito engasgada durante todos esses anos. Não só por esse grupo ou pelo grupo de 2004, mas por todo o voleibol brasileiro, que nunca havia chegado a uma final. A gente conseguiu. Foi o primeiro passo para quebrar algumas escritas. Agora a gente está com chances de brigar pelo ouro - disse.

O técnico diz que a derrota quando o time perdia no quarto set por 24 a 19 fez ele ser ironizado por alguns meses em jogos da Superliga.


- Muitas vezes eu chegava no ginásio e via as pessoas carregando placas 24-19. A gente ia jogar lá no Minas, por exemplo, e faziam isso. Cansamos de ouvir essas coisas - diz.

O treinador diz que não perdeu o sono pensando na hipótese de perder outra vez na semifinal e ouvir críticas sobre a falta de competência na hora da decisão. Conta que ficou estudando vídeos das chinesas até 1h e depois caiu em um sono pesado.


- Juro pela minha santa mãe que eu não pensei nisso. Eu estava tão tranqüilo, sabendo que ia dar, e que a gente merecia. Eu estava assim: 'A gente merece, a gente vai ganhar' - diz.


Zé Roberto diz que o grupo aprendeu com as derrotas, principalmente com a da decisão do Pan do ano passado, para Cuba.

- Aquela foi uma derrota que marcou muito. A gente estava jogando no Rio, com chance de fechar. Foi uma das mais sofridas que nós tivemos. Mas causou amadurecimento. Essas derrotas que a gente teve dessa maneira em que esteve para fechar e a bola não cai, fazem o grupo aprender muito. Elas estão - diz.

Cauteloso, o técnico brasileiro nem comenta a possibilidade de ser o primeiro técnico a conquistar os títulos olímpicos no masculino e no feminino.

- Não quero nem pensar nisso agora. Se eu falo alguma coisa, depois vou ter de explicar porque não consegui. Vamos ganhar primeiro. Quando estávamos treinando nos Estados Unidos, fui jantar com o Doug Beal (ex-técnico dos EUA) e ele me perguntou assustado: 'Por que você foi para o feminino'. Ele me chamou de louco. Respondi que é o meu grande desafio. Todo mundo sabe que ser técnico de homens é muito mais tranquilo. Ele mesmo não conseguiria - diz.

Meninas lutam, mas perdem a medalha de ouro para os Estados Unidos


Gol na prorrogação dá segunda vitória seguida às americanas sobre o Brasil em final de Olimpíadas. Ainda no gramado, Marta chora

“O que foi que eu fiz de errado?”, perguntou Marta após sua última chance, olhando para o céu. A resposta é difícil de dar, mas o resultado final explica o choro da melhor jogadora do mundo ainda no gramado: Estados Unidos 1 x 0 Brasil. Nesta quinta-feira, as brasileiras lutaram e correram muito no Estádio dos Trabalhadores em Pequim, dominaram os primeiros 90 minutos, tiveram o apoio da torcida chinesa, mas as americanas demonstraram mais preparo físico e conseguiram a medalha de ouro do futebol feminino das Olimpíadas na prorrogação.

O gol foi de Carli Lloyd, aos 6 minutos do primeiro tempo extra. Sob os olhares de Pelé e Kobe Bryant na tribuna de honra, as brasileiras apostaram tudo nos 90 iniciais, mas não conseguiram marcar. Marta correu, driblou, chutou. Tentou de tudo. Incansável. Porém, a goleira Hope Solo não deixou a camisa 10 realizar o sonho de ser campeã olímpica. O grito de gol brasileiro ficou preso na garganta aos 29 do segundo tempo da prorrogação: após cobrança de escanteio, Renata Costa acertou a bola na rede. Pelo lado de fora.

Em quatro edições do futebol feminino, os EUA chegaram a quatro finais. Só perderam em 2000, para a Noruega. Em Atenas, há quatro anos, venceram o Brasil também na prorrogação, por 2 a 1. O bronze dos Jogos de Pequim ficaram com a Alemanha, que venceu o Japão por 2 a 0, repetindo assim o pódio de 2004.


Apesar do título olímpico de Atenas, as americanas entraram em campo na final de Pequim querendo vingança do Brasil. No ano passado, Marta & cia. golearam por 4 a 0 os EUA na semifinal da Copa do Mundo. Este é o terceiro vice seguido da seleção brasileira em competições importantes: duas Olimpíadas e o Mundial.


Chuva atrapalha toque de bola



A bola no primeiro tempo ficou mais nos pés das brasileiras. Porém, até os 30 minutos, poucas chances de gols. As americanas apertaram a marcação em Marta e Cristiane, e o Brasil não conseguiu furar a defesa. O campo molhado também prejudicou os passes no time de Jorge Barcellos.

Do outro lado, Bárbara não era testada. Os EUA tentavam contra-ataques, mas sem sucesso. A partir dos 30, o Brasil foi para cima. Marta e Cristiane “acordaram” e fizeram a bela goleira Hope Solo trabalhar. A mesma que no ano passado disse que não levaria os quatro gols da derrota americana na semifinal da Copa do Mundo (ela ficou no banco).

Primeiro, aos 30, Formiga roubou a bola no meio-campo e armou o contra-ataque. Marta partiu sozinha pela esquerda, Cristiane por dentro. Formiga preferiu lançar a camisa 11 entre a zaga, mas ela adiantou demais a bola e Solo salvou, na dividida.

Três minutos depois, Marta tentou sozinha. A craque aproveitou a desatenção da defesa, deu um pique e ficou com a bola pela ponta esquerda. Depois, driblou duas rivais e bateu de fora da área, para fora. Aos 41, foi a vez de Cristiane tentar resolver por conta própria. A artilheira arrancou pela esquerda, passou por duas e chutou forte, mas por cima do gol.

Solo e Bárbara brilham

No segundo tempo, o Brasil continuou assustando Solo após jogadas individuais. Aos 7, Marta passou com velocidade pelas americanas na esquerda, quase na linha de fundo, mas cruzou em cima da goleira. Dez minutos depois, a melhor do mundo arriscou de longe, por cima, longe. Logo depois, Daniela Alves sofreu falta na entrada da área. A própria camisa 7 cobrou, mas acertou a barreira.

Aos 36, Solo mostrou por que tem tanta certeza de que não tomaria os quatro gols do ano passado. Marta fez bela jogada na pequena área e bateu forte, cara a cara com a goleira americana, que, no reflexo, pegou com uma só mão.

Nos cinco minutos finais, os EUA resolveram sair da retranca. E Bárbara teve que trabalhar. Primeiro, a goleira brasileira quase entregou o jogo em uma dividida pela direita da área. Mas, aos 41, salvou: Hucles chutou rasteiro de fora da área, e Bárbara pegou no canto direito. Quatro minutos depois, a defesa mais importante da brasileira na partida. Érika perdeu a bola na entrada da área e Rodriguez tentou encobrir Bárbara, que tirou com a ponta dos dedos.


Americanas vencem no fôlego

Na prorrogação, as americanas apostaram no melhor preparo físico para superar a técnica brasileira. Deu certo. Primeiro, Rodriguez fez Bárbara trabalhar aos 3 minutos. De fora da área, bateu forte, mas a brasileira pegou com segurança.

Três minutos depois, Lloyd pegou uma sobra na entrada da área e chutou. Dessa vez, Bárbara deixou a bola passar por baixo: 1 a 0 para os EUA.



As americanas seguraram a vantagem, e a melhor chance do Brasil de empatar foi aos 5 do segundo tempo. Após cruzamento da esquerda, a bola passou por todas as brasileiras na área dos EUA e nenhuma conseguiu tocá-la para o fundo da rede. Logo em seguida, Marta, incansável, ainda arriscou de fora da área, para fora. Aos sete, o desespero: a camisa 10 bateu falta de longe, a bola quicou e saiu rente à trave direita. Depois, chorou antes do apito final. Era o fim do sonho dourado.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Qualidade do ar em Pequim é boa durante Olimpíada


A China confirmou algo que a maioria das pessoas que está em Pequim para a Olimpíada já suspeitava – a qualidade do ar da cidade está boa.

O governo afirma que os níveis de poluição atingiram os padrões esperados em todos os dias dos Jogos até agora.

Eles atribuem o fato às medidas de redução de poluição implementadas na véspera da Olimpíada, como o rodízio de carros e a paralisação de algumas fábricas.

Uma análise independente feita pela BBC indicou que o nível de poluição ficou dentro do esperado em seis dos 11 dias de competição até agora.

No entanto, para um especialista em poluição, Pequim também se beneficiou com condições favoráveis de clima.

'Medidas eficazes'


O vice-diretor do departamento municipal de Proteção Ambiental de Pequim, Du Shaozhong, disse que a qualidade do ar foi boa em todos os dias de agosto.

Em entrevista coletiva a jornalistas, ele disse que a redução da poluição seria uma comprovação de que as medidas tomadas pelo governo funcionaram.

"Sem essas medidas, a qualidade atual do ar estaria impossível", disse Du.

"Comparado com cidades que sediaram os Jogos anteriormente, Pequim foi a que tomou as medidas mais intensas para cortar as emissões e assegurar que não houvesse poluição."

Análise independente

A medida independente realizada pela BBC da poluição em Pequim confirma o anúncio feito pelas autoridades.

A BBC vem medindo a quantidade de partículas sólidas – apenas um dos agentes poluidores – na atmosfera.

De acordo com esses dados, Pequim cumpriu os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em seis dos onze dias de competição até agora.

Os moradores de Pequim também vêm percebendo a diferença.
A porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Giselle Davies, disse que a entidade sempre acreditou que Pequim alcançaria as metas de redução de poluição.

"Muitas pessoas pensaram que seria um problema, mas o fato é que as preocupações eram sem fundamento", disse ela.

No entanto, a declaração indica uma mudança de postura da entidade.

O próprio presidente do COI, Jacques Rogge, chegou a manifestar preocupações com a poluição de Pequim no ano passado. Ainda na véspera da Olimpíada, o COI ameaçou adiar alguns esportes caso o nível de poluição não caísse.

Especialista

Para o especialista em poluição Ivo Allegrini, que está em Pequim avaliando os níveis de poluição, a China conseguiu atingir a redução planejada.

Mas ele disse que as condições climáticas de agosto – em especial a chuva – tiveram um papel importante.

"A poluição do ar depende de uma combinação de fontes de emissão e de situações meteorológicas", disse Allegrini.

"Aqui em Pequim, nós tivemos condições meteorológicas favoráveis combinadas com alguma redução das emissões."

Bolt repete feito de Carl Lewis e bate outro recorde


O jamaicano Usain Bolt confirmou o título de homem mais rápido do mundo e voltou a assombrar o público no Estádio Nacional de Pequim (o Ninho de Pássaro) ao quebrar o recorde mundial e conquistar a medalha de ouro na prova dos 200m rasos dos Jogos Olímpicos.

Com o resultado, Bolt é o primeiro velocista a ganhar a medalha de ouro nos 100m e nos 200m em uma mesma Olimpíada desde o americano Carl Lewis, em Los Angeles-1984.

O jamaicano venceu a prova com o tempo de 19s30, superando em dois centésimos de segundo o recorde mundial que havia sido estabelecido pelo americano Michael Johnson em Atlanta-1996.

"A sensação é ótima", disse Bolt à BBC, após a prova. "Isso é um sonho que se torna realidade."

"Eu disse para todo mundo que deixaria tudo o que eu tinha na pista, e fiz isso", acrescentou o velocista. "Provei que sou um verdadeiro campeão e que, com trabalho duro, tudo é possível."

A medalha de prata nos 200m foi para Churandy Martina, das Antilhas Holandesas, e o bronze ficou com o americano Shawn Crawford, vencedor da prova em Atenas-2004.

O também americano Wallace Spearmon cruzou a linha de chegada na terceira posição, mas foi desclassificado por pisar fora de sua raia.

Reggae

Logo nos primeiros metros depois da largada, o jamaicano abriu vantagem em relação aos adversários. No trecho final da prova, a vitória de Bolt já era evidente, e a disputa do jamaicano era com o recorde mundial.

A velocidade impressionante de Usain Bolt provocou um turbilhão de aplausos e manifestações de admiração no Ninho de Pássaro.

Depois de permanecer deitado na pista por alguns segundos, Bolt se levantou para uma volta olímpica em que foi ovacionado pela platéia.

Ao som de reggae nos alto-falantes do estádio, o jamaicano tirou as sapatilhas e, com a bandeira de seu país nas costas, arriscou alguns passos durante a comemoração.

Em seguida, a música foi substituída por um Parabéns a Você - o homem mais rápido do mundo completa 22 anos de idade na sexta-feira.

Especialidade

Nos 100m rasos, a prova mais rápida dos Jogos Olímpicos, Bolt também conquistou a medalha de ouro em Pequim com um novo recorde mundial: 9s69.

Apesar da façanha, o jamaicano insistia que sua especialidade era a prova dos 200m. Bolt só confirmou presença na disputa dos 100m quando chegou a Pequim.

Bolt saiu de uma relativa obscuridade para se tornar um dos maiores nomes do atletismo ao bater pela primeira vez o recorde mundial dos 100m rasos (9s72) em Nova York, no final de maio.

Era apenas a quinta vez que o jamaicano disputava a prova em uma competição oficial. Seis semanas depois, Bolt marcou o quinto tempo mais rápido da história nos 200m rasos (19s67).

No Mundial de 2007, o jamaicano havia conquistado apenas a medalha de prata nos 200m rasos - atrás do americano Tyson Gay, que não obteve a classificação para a prova em Pequim.

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